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Vang Vieng e a síndrome da Full Moon Party

By fevereiro 28th, 2016No Comments

Vang Vieng não é Laos. É um lugar que foi transformado num reduto festeiro para ocidentais no meio do caminho entre a tradição de Luang Prabang, a planície de jarros gigantes e a capital Vientiane. As pessoas que vão ali são, na sua maioria, jovens querendo passar suas tardes bebendo nos bares à beira do rio, usando uma bóia gigante pra se locomover. E ponto. Se você não quer fazer isso na sua viagem pelo Laos, vá pra lá mas opte pelos passeios de caiaque, para ir ver as cavernas e lagos, etc. Porque a região é linda e cheia de coisas pra se fazer, mas acabou ficando banalizada por essa invasão festeira à là Full Moon Party.

E por que essa comparação? Uma noite andávamos pela rua principal e encontramos um inglês que resolveu parar por uns meses para trabalhar em Vang Vieng “só pela festa” que existe ali. E muita gente, quando chega a lua cheia, pega o ônibus e vai direto pra Koh Phangan, na vizinha Tailândia, para a festa mais conhecida da região: a Full Moon Party. Mas o objetivo continua o mesmo: beber até cair, tentando não “morrer na praia”. Que é o que acontece de vez em quando se alguém passa do ponto – e sempre tem alguém que passa. A Lucila me mandou esse link que fala sobre este tema, e até que, embora exagerando, o cara tem um pouco de razão….

Ok, descer o rio de bóia parando nos bares é bem divertido, mas você só vê de 24 anos pra baixo por ali. Todos pintando o corpo com sprays, escrevendo coisas engraçadinhas, todos com aquelas carinhas de europeus, branquiiiiinhos, pós saídos da universidade e fazendo a tal viagem de “gap year” por 1 ano, onde a Ásia sempre está incluída por ser barata. E por ter tanta gente como eles viajando por ali…essa rota é chamada de “Banana Pancake route“, porque todos os restaurantes resolveram se adaptar ao paladar ocidental e incluir algo que não seja arroz ou macarrão no café da manhã, e resolveram incluir a panqueca de banana (e suas poucas variações, como de manga ou abacaxi) no seu cardápio, algo mais doce, que todo mundo come (eu como quase todo dia). E todo mundo que faz a Banana Pancake route leva a Yellow Bible embaixo do braço, ou seja, o guia do Lonely Planet do sudeste asiático (que é amarelo). Já está tudo muito “quadradinho” e esquematizado por estas bandas, para a alegria de uns e insatisfação de outros. Mas….

Agora pra nós, brasileiros, a Ásia não é um destino muito popular e buscado. Enquanto os Europeus estão por aqui, os Brasileiros estão felizes conquistando a Europa. Então fica uma coisa meio sem pé nem cabeça. Uma brasileira, nos seus 30 e poucos anos, na Ásia, em 2010, sem NENHUM brasileiro ou latino-americano ao redor (eu disse, a Ásia não é destino dos latino-americanos ainda)…sim, eu me sinto às vezes perdida!!! Ok, não é que eu não goste de passar a tarde num bar bebendo, mas com tanta natureza ao redor….eu beberia numa cidade grande, e aproveitaria ali pra outras coisas mais interessantes! E meu companheiro de viagem, o Camilo, não ajuda, já que ele não bebe. Eu até me juntei com um povo, bebi uns shots de whisky com centopéia e cobra, aquelas coisas, até subi no cabo aéreo e me joguei na água lá de cima (delícia), mas não estava com muita vontade de pagar super caro por latas de cerveja a tarde toda ali na verdade….quem sabe se eu estivesse com outras companhias, gente da minha idade, a coisa fluiria melhor. Mas com os jovenzinhos eu realmente não me senti parte da experiência. Só uma quarta parte 😉

Mas a cidade é uma graça, tem um clima de praia, apesar de estar na beira do rio. Você chega ali e desacelera de novo. Queríamos passar só um dia, mas ficamos 2. Todos os restaurantes têm mesas elevadas, em que você tira o chinelo e sobe descalço, como se estivesse sentado no chão. E o esquisito, que acaba sendo divertido, é que eles colocam O DIA INTEIRO em todas as televisões existentes na cidade 2 únicos seriados: Friends e Family Guy. E até que entre uma panqueca de banana e outra você dá umas risadas com esses seriados….é triste estar no Laos vendo Friends, mas se você não pode vencê-los….junte-se a eles!

Suzana

Suzana

Jornalista e travel blogger. Aprende o que o mundo ensina e inspira as pessoas a viajarem. Já morou na Finlândia, já trabalhou na Disney, fez o Caminho Inca e vai como peregrina a Santiago de Compostela frequentemente. Vive atualmente em Madri e continua transformando seus feriados e férias de 23 dias ao ano nos melhores períodos da sua vida.

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