Asia

Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones

By abril 19th, 2015No Comments

O mais incrível de viajar é que, de repente, referências da sua infância e do que você estudou na adolescência começam a fazer sentido. Enquanto a van nos levava para ver os túneis de Cu Chi, a 70 Km ou 2 horas de distância de HCMC (o diminutivo de Ho Chi Minh City), essa música não saía da minha cabeça. Esses túneis foram feitos pelas pessoas daquela área e também de HCMC para que eles pudessem lutar, se esconder, fazer armadilhas e matar os americanos durante a guerra do Vietnam.

O mais interessante é que muitas das entradas para o túnel estavam escondidas no chão, bastante camufladas. Os vietnamitas são baixinhos e pequenos, e os túneis foram feitos sob medida. Nós pudemos percorrer alguns metros desses asfixiantes e escuros túneis, e foi legal. Mas eu, que não tenho claustrofobia, não sei como eles conseguiram viver meses ali dentro, saindo à noite para tomar um ar e descansar na superfície, em lugares bem escondidos. Os túneis têm uns 200 Km de extensão e vários andares, com lugares para dormir, para comer e para lutar. Bem interessante.

Continuando o nosso “war day” (dia da guerra), fomos ao War Remnants Museum, algo como Museu dos Remanescentes da Guerra, que existe desde 1975. É um museu bem denso, com imagens e histórias bem fortes sobre a guerra, os prisioneiros de guerra e as torturas, e muitas fotos e histórias das vidas que ficaram comprometidas por causa do Agente Laranja, um líquido super tóxico que tinha como objetivo inicial “limpar” algumas áreas para que os vietnamitas não tivessem onde se esconder. O que aconteceu depois é que esse líquido, impregnado nas pessoas, destruiu as suas vidas e as dos seus filhos, que nasceram deformados e com muitas doenças vitais. Vi muitas fotos disso, é muito forte.

No dia seguinte fomos cedinho conhecer o Delta do rio Mekong. O rio é bem escuro mas a água é limpa, ela passa pro um processo pra ficar mais clara e boa pra beber. Paramos em fazendas de plantação de côco, tomei água de côco e compramos balinhas deliciosas. Conhecemos também uma cobra muito amigável e alguns crocodilos que vivem por ali.

O mais bonito de todo o dia, no entanto, foi o passeio de canoa por um dos canais entre as fazendas. Uma mata linda, nós no melhor estilo vietnamita, um lugar que eu tinha visto em muitas fotos de amigos e que, por fim, pude conhecer. 

No fim do dia, eles voltaram pra HCMC e eu segui em frente. Queria conhecer os mercados flutuantes, que são os maiores do Vietnam. Pra isso eu aguentei mais 3 horas de ônibus e, no dia seguinte, alguns minutos de barco. Foi legal ver como eles vão comprando e vendendo o que precisam. O guia disse que eles pagam imposto para vender suas mercadorias, e todos só voltam às fazendas para se reabastecerem quando vendem tudo o que têm. Alguns vendem rápido, outros demoram dias….

No fim ainda vimos um mercado (não flutuante), bem local. Meio sujinho para os nossos padrões, gente vendendo sutiã ao lado de carne, sem falar das pobres rãs que tinham sua pele arrancada ainda estando vivas, e as motos passando.

Passei o dia com um casal de espanhóis muito simpático que me deu várias dicas sobre outras cidades do norte do país, uma tailandesa que “namorava”um francês que não dava bola pra ela (e por isso ela ficava falando com a gente pelos cotovelos, muito querida) e dois casais de Cingapura. No café da manhã conversei com uma italiana que mora em Londres e me deixou muitas idéias no ar….papo para um próximo post!

Suzana

Suzana

Jornalista e travel blogger. Aprende o que o mundo ensina e inspira as pessoas a viajarem. Já morou na Finlândia, já trabalhou na Disney, fez o Caminho Inca e vai como peregrina a Santiago de Compostela frequentemente. Vive atualmente em Madri e continua transformando seus feriados e férias de 23 dias ao ano nos melhores períodos da sua vida.

Leave a Reply